Nha Tomásia, a divertida!

10 de Janeiro de 1916, 10 de Janeiro de 2008, se estivesse viva faria hoje 92 anos!

Nasceu na Ilha do Fogo, Cabo Verde em plena primeira Guerra Mundial e antes da Revolução de 1917.

Órfã desde criança, de pai e mãe aprendeu desde muito nova a trabalhar para sobreviver. Não foi para Escola, mas apreendeu e, muito na escola da vida.

Fiel à Igreja Católica de Roma até muito perto da sua morte – deixou de ir à Igreja com a mudança do Pároco de São Filipe, na sequência da morte do Padre Camilo. A minha avó preferia que os padres andassem de batina a andarem de calças, como os outros homens, pois sabia que os padres também eram homens e tinham pénis como os outros.

Viveu um curto período de sua vida como emigrante em Angola, mas o apelo e talvez, o apego à sua terra natal fez-lhe voltar ao seu cutelo “Cutelo di Nha Tomásia” em Santa Filomena, São Filipe, Ilha do Fogo.

Amiga de animais e de humanos: fazia da criação de porcos e galinhas formas de sustento e, mais adoptou pelo menos uma criança de tenra idade abandonada pelos pais e ajudou a criar outros esquecidos pelas famílias.

Adorava cães e gatos. Foi na casa de minha avó que pela primeira vez vi Deus - deveria ter os meus 10 anos de idade - era dois gatinhos brincando, sim reconheci Deus nos dos gatitos – saltavam, pulavam e mordiscavam-se um ao outro.

Nha Tomásia vivia, e viveu em simplicidade, paz e amor. Deitava-se muito cedo com as galinhas, antes fazia as suas orações e contava-nos histórias de Nhô Lobu.

Não escondia a sua vontade de me ver como Padre J
Achava que eu tinha perfil. Talvez, tenha mudado de ideias, no dia da minha primeira comunhão. Mal entrei em casa de minha avó, depois de ter regressado da igreja, no dia da minha primeira comunhão ela dirigiu-se apressadamente para mim e perguntou-me:
- O que sentiste quando recebeste o Corpo de Cristo?
- Eu inocentemente respondi “Avó, Nada!
- Ela repete, Nada?
- Sim, Nada Avó!

Nhâ Tomásia ou Avó Tomásia! Marcou de modo indelével a minha vida e dos meus irmãos.
Ela adorava brincar com as pessoas. Tinha uma grande força. Era uma grande trabalhadora. Tinha o coração aberta e irradiava amor!

A minha maior angustia foi ter ido de férias a Cabo Verde em 2000 e não ter podido ir à ilha dela visita-la, mas depois da morte dela em 2001, posteriormente ela veio visitar-me e estava feliz da vida!

Be Happy!