Ontem, segunda-feira, foi cumprir um dos compromissos que assumi com a Comunidade Vida e Paz (comunidade de apoio aos sem abrigos) – de 15 em 15 dias todas às segunda-feira - faço a volta - numa carrinha vamos distribuir comida e roupa aos sem abrigos na Cidade de Lisboa.
Pela conversa com os sem abrigos tenho aprendido, conhecido e até experimentado situações muitos diferentes no mínimo enriquecedoras.
Hoje, vou partilhar três situações vividas ontem. Não que sejam as melhores ou as mais interessante, mas talvez, porque me tocaram.
Fui ao encontro de um senhor sem abrigo (alguns sei os seus nomes, mas nem de todos sei ainda) com um saco (normalmente, dois pães e um bolo) quando ia entrega-lhe o saco ele disse-me:
- Não, quero! Não, quero que me tragam nada!
- Qual é a razão?
- Eu tenho dinheiro! Vocês não sabem oferecer! Isto que trazem é para pombos! Pão duro!
Sem comentar o que acabara de ouvir, despedi-me do senhor e voltei a carrinha e continuamos a nossa volta. Na paragem seguinte. Outro senhor:
- Arranjem-me mais um saco! Graça a vocês vou comer! Apareçam, sempre!
Na paragem seguinte:
Enquanto estava a falar demoradamente com dois senhores sem abrigo, os meus colegas chamaram-me, porque tínhamos que continuar a viagem. Entretanto, continuei na conversa e, quando ia para dirigir-me a carrinha um dos senhores agarra-me por traz e diz em voz alta:
- É um rapto! Vais ficar aqui connosco!
- Mas, vocês têm lugar para mim?
Apontando para a pala da porta aonde dormiam, o senhor, disse:
- Dormes aqui no hotel connosco!
Todos rimos e continuamos a nossa volta!
Be happy!
Jai Guru Dev = Graças a Deus!
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1 comment:
Olá José, também eu sou voluntária na Comunidade Vida e Paz. Sou uma das volutárias "das sandes" e confesso-te o quanto me custa pensar ao fazê-las que são para pessoas que por vezes não tâm mais nada que comer o dia inteiro. Quando o pãp é seco e os bolos menos frescos, tento não pensar nisso e pensar só no seu fim, alimentar alguém que está com fome. Admiro a coragem dos que entregam os "sacos" aos sem abrigo, eu ainda não estou preparada para esse passo. Vivo tudo com muita emoção, não iria conseguir sobreviver à 1ª noite. Obrigada pela tua partilha.
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