Wednesday, August 1

Samú Chantre: Sonho crioulo em Hollywood

Samú Chantre quer brilhar no estrelato de Hollywood. Surrealista? Não. Este engenheiro de formação, planeia viver, em 2008, o "american dream" em terras do Tio Sam e aposta todas as fichas neste seu objectivo. Consigo leva um punhado de sonhos e Cabo Verde no coração.
Entrevista por: Catarina Abreu

O guião deste filme começa na Suécia, para onde Samú Chantre se mudou para estudar Erasmus da licenciatura em Engenharia Mecânica. Nesse país dão-se os primeiros contactos com o mundo do cinema e do teatro, desejo adormecido durante anos e que o frio escandinavo despertou. A vida dá uma reviravolta e depois do mestrado em Engenharia Automóvel, vira-se para a representação.

Aposta forte na sua formação e entre cursos e workshops conhece nomes da sétima arte sueca como Karin Bjurström e Rotbert Crustarsson. Samú tem agora no seu currículo pequenas participações no filme “Gangsters”, no drama “Darling” e na série televisiva “Drocken” (O Dragão), todos eles falados em sueco. O domínio da língua, que aconteceu depois de um curso intensivo e cinco anos no país, foi um dos obstáculos que teve que ultrapassar. ”A expressão oral é um dos instrumentos fundamentais do actor e sem ela seria impossível fazer o meu trabalho”, explica o jovem crioulo que agora fala sueco com sotaque e tudo!

Multifacetado, Samú Chantre também fez carreira na moda. Começou quando estudava em Portugal, país que o acolheu quando tinha 17 anos, na altura em que ingressou no curso do Instituto Superior Técnico de Lisboa. Na capital portuguesa, ao mesmo tempo, que faz o curso fazia trabalhos como modelo da conhecida agência lusa Elite. Na Suécia continuou com essa vertente da sua vida e fez o catálogo da marca de roupa masculina - Dahlin - para a Primavera 2007 e de 2008. As suas fotos já figuraram em várias revistas de moda suecas como a Pause, Man e Café Collections. Daí comentar com um ar jocoso, “as pessoas aos poucos já começam a reconhecer-me na rua”.

“Não temo rótulos”, afirma, peremptório. É uma cara bonita, num corpo bonito mas não tem medo que as pessoas não vejam para além disso. Porque, sobretudo, a beleza funciona como uma “faca de dois gumes”, tanto pode ser uma barreira - e aí o seu trabalho pode ser levado não tão a sério - , pode ser também uma porta de passagem para a desejada Hollywood. O certo mesmo é que Samú está confiante de que o dia em que o reconhecimento chegar ele será pelo seu talento e trabalho árduo. “Porque mais importante que a imagem é a disciplina e o respeito”, sublinha.
Samú Chantre completou no dia 27 de Julho 31 anos e o seu maior projecto é mesmo a investida em Hollywood. Ainda está a fazer contactos e conta partir para os Estados Unidos dentro de um ano. Mas não quer levar só o seu nome ao estrelato mas também o de Cabo Verde e é por isso que veio ao arquipélago para se dar a conhecer e recolher apoios para o seu projecto. Durante a sua estadia nas ilhas entrou em contacto com várias pessoas do insípido meio cinematográfico cabo-verdiano como Guenny Pires e Júlio Silvão. Rumo a São Vicente, quer conhecer o teatro que se faz por cá.

Imagina para Cabo Verde produções como o premiado “Diamante de sangue”, em que a história se passa na Serra Leoa, mas foi filmado em Moçambique. Mas também acredita que é possível começar a fazer rodar as bobines no arquipélago e iniciar um verdadeiro movimento da sétima arte.

“O meu sonho era fazer cinema nos Estados Unidos, Suécia e Cabo Verde e, para mim, o ideal seria conciliar estes três mundos”, anuncia. Quando alguém o olha com espanto por ter um sonho aparentemente tão inalcançável, devolve o olhar confiante nas suas potencialidades, afirmando, “obstáculos aparecem em todas as áreas e é preciso ter um espírito lutador, confiança e acreditar em nós próprios”.

“As coisas têm corrido bem, devagar sempre tomando o seu tempo, é preciso ter muita paciência”, diz. Para Chantre é essencial uma base forte de educação e a experiência. “Sei o que quero, sou realista e tenho os pés bem assentes na terra para não me deixar iludir. Já estou habituado a esse exercício devido à minha carreira no mundo da moda”, remata.

E a engenharia? Foi posta de lado e os papéis subverteram-se: o trabalho (a engenharia) virou hobby (a representação) e o hobby virou trabalho. Mas não quer olhar para o seu diploma como uma alternativa ao sonho porque acredita piamente que vai conseguir alcançar o seu objectivo.
Actualmente tem um estúdio de fotografia, que abriu recentemente com um amigo e continua com os trabalhos de modelo. Ainda não consegue viver do cinema, mas alimenta-se da confiança num futuro brilhante na constelação de Hollywood.
Fonte

No comments: